Datas: 6 a 24 de maio de 2024  | 9h30-13h00 /14h00-17h30 

Local: Centro Comunitário Monte Francisquinho  (Pinhal Novo – Palmela) 

A história das editoras cartoneras começa com um toque de fábula trágica. Era uma vez um país abaixo da famosa linha do Equador mergulhado em mais uma de suas costumeiras crises cíclicas. É o contexto no qual emerge a primeira editora cartonera do mundo; hoje calcula-se que funcionam mais de 150 no mapa do planeta.

Criadas por pequenos grupos de pessoas ligadas ao fazer literário e cultural, em certos casos também a coletivos com preocupações políticas e sociais, as editoras cartoneras funcionam muitas vezes como propostas de intervenção para lançar vozes e linguagens de sujeitos sempre silenciados, para tornar a escrita e a leitura práticas de maior incidência na vida quotidiana, sobretudo entre setores que historicamente estiveram à margem da cultura letrada.

Pode-se afirmar que a originalidade do livro cartonero reside no suporte que se usa para a elaboração das capas e no trabalho plástico que recebem, pois ao se empregar o papelão (cartón em espanhol) inverte-se o destino de um material típico da sociedade de consumo, os depósitos de lixo ou as empresas de reciclagem, para sua conversão através da criatividade em parte de um objeto que busca se inserir sob outra lógica no campo de bens simbólicos. Em tal sentido, a opção pelo papelão está ligada ao gesto da consciência ecológica na luta atual pela sustentabilidade do planeta, um gesto que não deixa de ser uma tomada de posição política. A isso se acresce que o resultado das intervenções plásticas nas capas, usando diferentes técnicas, dá ao livro cartonero uma certa “aura”, pois cada exemplar resulta único pela singularidade da mesma.

A exposição que aqui se apresenta é apenas uma pequena amostra do heterogéneo universo dos livros cartoneros. O visitante poderá observar o que editoras de diversos países de América Latina, Europa e África publicam e a forma singular como elaboram seus livros. O espírito que a guia é o de possibilitar que o público português conheça a proposta editorial que nasceu da precariedade e hoje se espalha por diferentes sertões do mundo. [Excertos de um texto de Gaudêncio Gaudério, Vento Norte Cartonero]

São 200 livros, 69 editoras e 18 países presentes na exposição.

Através de uma parceria entre a Oficina de Ecologia e Socidade do CES, a editora Vento Norte Cartonero, a Casa da Esquina, a Animar e seus associados, foram criadas as condições para a exposição ser conhecida em várias localidades de Portugal e serem dinamizadas atividades em vários formatos (projeção documentário, oficina de escrita e construção de livros cartoneros, saraus, dentre outras) relacionadas e relacionando aspetos dos diferentes territórios, entidades, redes, comunidades, pessoas. Esta iniciativa enquadra-se também no âmbito dos Roteiros Animar, no Roteiro Territorial Região Centro-Livros Cartoneros.

Organização local: Cooperativa SEISMunicípio de Palmela no âmbito do Março Mulher Palmela – em cada rosto igualdade

Informações e inscrições para marcação de visita guiada: 925 215 456 | mariajosenunes@cooperativaseies.org