Realizou-se no dia 1 de outubro no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian o Seminário Final da iniciativa Portugal Mais Velho, promovido pela APAV em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, numa ação que integra as comemorações do Dia Internacional da Pessoa Idosa. A Animar marcou presença e saúda a iniciativa, tendo em conta o seu histórico de trabalho com a sua rede no âmbito do Envelhecimento e Desenvolvimento Local.

Ao longo dos últimos seis anos, o projeto Portugal Mais Velho visou aprofundar o conhecimento sobre a violência contra pessoas mais velhas, sensibilizar a sociedade para esta realidade e contribuir para o desenvolvimento de respostas mais eficazes de proteção e apoio às vítimas. A iniciativa envolveu estudos, debates, formação e campanhas de sensibilização.

O envelhecimento da população é uma das transformações sociais mais significativas do século XXI. Portugal é hoje um dos países mais envelhecidos do mundo, com quase 40% da população projetada para ter mais de 65 anos até 2080. Este cenário exige políticas públicas integradas que valorizem a idade, combatam o isolamento e assegurem condições de vida dignas e seguras, reconhecendo o contributo das pessoas idosas como parte essencial da coesão social e territorial.

A violência contra pessoas mais velhas continua, contudo, a ser uma realidade silenciosa. Muitos casos permanecem invisíveis, quer por dependência económica e emocional, quer por falta de redes de apoio próximas. A prevenção e o combate a esta violência implicam não apenas respostas institucionais, mas também mudanças culturais profundas, assentes numa nova ética do cuidado, na formação de profissionais e no reforço das relações de proximidade e solidariedade intergeracional.

Simultaneamente, o desafio do envelhecimento deve ser entendido como uma oportunidade de inovação social, de repensar os modelos de habitação, saúde, mobilidade e participação cívica. Promover uma sociedade onde “os direitos não têm idade” significa apostar em comunidades inclusivas, acessíveis e participativas, capazes de reconhecer o envelhecimento como um processo natural da vida e não como um problema a gerir.

No seminário foram debatidos temas centrais como o panorama atual das políticas públicas relacionadas com o envelhecimento e a violência, os desafios e oportunidades de uma sociedade cada vez mais envelhecida e a importância da capacitação de profissionais e de cidadãos e cidadãs na prevenção da violência contra pessoas mais velhas.  Durante o evento foi ainda lançada a campanha “Olhar com Olhos de Ver”, com o objetivo de tornar visível o que frequentemente permanece oculto nas relações familiares e comunitárias, apelando à sensibilização e à ação coletiva contra a violência sobre pessoas mais velhas. Os dados mais recentes da APAV revelam que, entre janeiro e agosto de 2025, foram apoiadas 1.557 pessoas idosas vítimas de crime e violência, sendo 75 % mulheres e com prevalência de violência doméstica (81 % dos casos).

O papel da Fundação Calouste Gulbenkian no projeto Portugal Mais Velho tem sido o de parceiro estratégico e financiador, articulando-se com a APAV para assegurar estrutura institucional, visibilidade e condições para desenvolver investigação, formação e divulgação.  Este momento de balanço marca não apenas o encerramento formal de seis anos de trabalho, mas uma aposta na continuidade do diálogo social e no fortalecimento das políticas públicas voltadas para os direitos, dignidade e segurança das pessoas mais velhas, num cenário demográfico em que o envelhecimento é um desafio coletivo.

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