Um amanhã sustentável começa hoje de Francesco Rocca
O que é sustentabilidade?
Muitas vezes quando ouvimos a palavra sustentabilidade, assumimos que qualquer pessoa saiba o seu significado, mas se nos fosse perguntado para explicar, seríamos verdadeiramente capazes de dar uma boa definição?
Eu pessoalmente ficava sempre comprometido perante as várias definições e a dificuldade em dar uma descrição simples e clara. Porém, há dois anos, ouvi o seguinte: “sustentabilidade é uma palavra auto-explicativa, significa de fato a habilidade de sustentar o nosso sistema no futuro”. Essa frase tão explícita e direta, mudou a minha percepção sobre o termo, porque me fez pensar sobre a sua abrangência – falamos de sustentabilidade económica, ambiental e social -, mas também sobre a importância da subjetividade da interpretação do seu significado – o que é sustentável para mim pode não ser para o outro, e que existem infinitos níveis de “sermos sustentáveis”. Como conclusão, eu diria que apesar da sustentabilidade ser um termo cuja definição é variável e complexa, ela deveria ser vista de forma holística, e independentemente do nível de participação, temos de começar a agir, a nível individual e coletivo.
Do indivíduo para o coletivo
Optar por escolhas mais sustentáveis no nosso dia-a-dia, como hábitos de consumo, meio de transporte ou redução do uso do plástico podem ser o início de um processo de mudança com um verdadeiro impacto… Apesar das ações individuais serem um primeiro passo indispensável, estão longe de ser suficientes para garantirmos a preservação do meio ambiente. A comunidade científica já demonstrou que mudanças individuais nos hábitos de consumo não são suficientes para atingirmos os objetivos que precisamos para estabilizar as temperaturas globais. Se amanhã todos/as nós reduzíssemos para metade os nossos consumos, obteríamos uma redução de 15% nas emissões. Assim, o que é necessário fazer para alcançar uma redução de 70%, das nossas emissões, sendo este o valor necessário para a espécie humana sobreviver, segundo a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas?
Como diz este artigo no Público – Não eu, nós, – “torna-se urgente procurarmos influenciar e alterar coletivamente, uma ou mais partes da nossa sociedade — famílias e amigos, freguesias e municípios, escolas, empresas, Governo.”
Informar para agir
Quando há cinco anos assisti ao documentário Cowspiracy, fiquei impressionado com umas das primeiras imagens! A personagem central narra e todos os hábitos sustentáveis que incorpora na sua rotina como desligar as luzes, tomar banhos curtos, andar de bicicleta, na verdade, estes comportamentos têm um impacto irrisório na sua pegada ecológica se comparado ao efeito que a mudança na sua alimentação teria para o meio ambiente. De facto, a informação não só nos dá poder, como é a nossa bússola para tomarmos decisões.
Como podemos ter a certeza de que estamos a fazer a escolha mais sustentável? Nunca foi tão fácil o acesso às notícias e aos dados, mas a informação que temos, por vezes s não é suficiente, ou é a errada. Podem fazer este teste do New York Times (existem outros!) , para ver se estão s a adotar decisões ambientalmente corretas para, e provavelmente vão acertar em mais respostas do que eu – só consegui acertar uma resposta em quatro…
Trabalharmos para uma sociedade informada e consciente das próprias ações é o primeiro passo para construirmos um sistema mais sustentável. Isso pode ser feito através de ações de sensibilização, campanhas de comunicação e também pela advocacia, uma vez que como cidadãos/ãs temos o poder de fazer pressão para incentivar soluções que sejam promotoras de uma transição para uma economia regenerativa.
Uma mudança sistémica
Quer seja um agricultor a produzir alimentos biológicos, uma cooperativa a financiar projetos de energia solar, ou uma câmara municipal a encorajar o uso da bicicleta, todas estas soluções só podem funcionar se forem pensadas como um todo e se forem replicáveis. Precisamos de dar visibilidade às iniciativas que já estão no caminho certo. Nada é mais eficaz para uma mudança sistémica do que histórias inspiradoras.
Muitos de nós já estamos cansados de ouvir que a atividade humana é a principal causa das alterações climáticas e do pouco tempo que nos falta para não destruir o planeta de forma irreversível. Este tipo de informação cria urgência para ação, mas ao mesmo tempo afasta as pessoas de se sentirem parte da solução. Por isso, ao demonstrar os diversos exemplos positivos, podemos/conseguimos evidenciar aos/às cidadãos/ãs, empresas e governos que um futuro sustentável é possível, e que começa hoje.