Tendo em vista a procura de respostas aos desafios colocados pela actual situação social realizaram-se debates e tertúlias, deram-se a conhecer práticas na área da educação, falou-se sobre os constrangimentos decorrentes do envelhecimento, dos desafios colocados ao cooperativismo, visitaram-se cooperativas e visionou-se o documentário Palmas, relativo à criação por uma comunidade de desalojados brasileiros de uma moeda própria.

Fernando Rodrigues (Animar e EcoMuseu de Barroso) moderou a conferência Cooperação e Responsabilidade Social, começando por esclarecer os objectivos do debate: estimular a reflexão sobre o conceito de Responsabilidade Social nos âmbitos individual, colectivo e empresarial; valorizar a cooperação e o diálogo entre todas as componentes da sociedade civil assentes num conjunto de regras morais e éticas a vigorar nas relações sociais.
Manuel Maio (CASES) começou por lembrar o peso significativo do sector da Economia Social no PIB e na criação de emprego, tendo depois centrado a sua intervenção na explicação do que é a Cases e no seu papel determinante enquanto agente para a valorização da cooperação, unindo redes e fileiras, e na persecução dos objectivos da Economia Social. Ou seja, fazer com que os poderes público e político reconheçam o sector como parceiro, dado o seu peso e o impacto a sua intervenção; colocar a Economia Social na agenda política enquanto elo de ligação entre o sector e o Estado.

Célia Pereira (CRESAÇOR e Animar) deu a conhecer o projecto Quinta do Norte, na freguesia da Capela, Costa Norte, Açores.
O projecto teve origem no desafio do Governo Regional para se recuperar, reabilitar e dar utilidade pública a uma quinta abandonada, numa lógica de Economia Social. Com este objectivo, em 2012 foi oficializada uma parceria liderada pela CRESAÇOR, que em quatro anos recuperou a quinta, iniciado a sua actividade em Outubro.

Criar valor e diferenciar o sector agrícola por via das preocupações sociais e inclusivas, conciliando saberes do passado com a inovação, é linha orientadora da aprendizagem ministrada aos jovens agricultores. Já no que se refere ao desenvolvimento da exploração agropecuária, esta está orientada no sentido da conquista da autonomia financeira, envolvendo toda a comunidade – a população pode participar nas colheitas, por exemplo, e depois adquirir os produtos que colheu. Outra vertente igualmente importante é o ensino e a divulgação da permacultura, a diversificação das espécies animais e o contacto e cooperação com as escolas.
José Guedes (ADER Sousa) falou-nos do PROVE – Promover e Vender, uma iniciativa de comercialização de produtos agrícolas provenientes de pequenas explorações, assente na cooperação e no empreendedorismo. Com esta iniciativa procura-se contornar o domínio das grandes superfícies, garantindo aos pequenos produtores o escoamento dos seus produtos e a obtenção de rendimentos superiores, eliminando intermediários por via do estabelecimento de uma relação próxima entre produtor e consumidor. Para além de garantir um rendimento superior ao produtor, o PROVE tem ainda a vantagem de não gerar desperdícios, garantindo o pleno escoamento por via dos cabazes de produtos sazonais e dar a conhecer aos consumidores novos produtos agrícolas, que não está habituado aconsumir ou desconhece, por não se encontrarem à venda nos supermercados.

Fernando Martins (UNINORTE) ocupou-se da divulgação dos três conceitos base que orientam o cooperativismo no que respeita à responsabilidade social – Intra/Inter/cooperação.

Começando por dizer que a UNINORTE é uma cooperativa de cooperativas e outras entidades, às quais presta serviços de vária ordem, lembrou que foi na Inglaterra do século XIX que nasceu o movimento cooperativo em resultado de uma grave crise económica, sob o lema Cooperativismo ou morte! Devido à degradação inaudita das condições de vida, entre os trabalhadores cresceu a ideia de que era necessário acrescentar algo às greves e às lutas sociais para melhorar as suas condições de existência. E definiram-se então os cinco princípios fundadores do movimento cooperativo:
– livre adesão;
– participação económica;
– gestão democrática (um membro, um voto);
– autonomia;
– educação e formação.

A estes princípios juntaram-se mais dois, um em 1960, em Moscovo, o da cooperação; e o outro, em 1995, o da responsabilidade social das cooperativas relativamente às comunidades em que se inserem.

No nosso país, a partir do governo de António Guterres, vive-se uma situação caracterizada pela descentralização das intervenções sociais, com as autarquias a assumirem um papel central na constituição de parcerias com as cooperativas e demais entidades da Economia Social.

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