Ao longo do dia um conjunto alargado de entidades, (CASES, CRESAÇOR, Cooperativa Sol Maior, CEARTE, Agência Nacional Erasmus+, FNAJ, SVE-AJD, SEIES, Agência de Inovação Social animar.COM, ADER Sousa, Espaço t, ADRITEM, Associação Leque, Agrupamento de Escolas de Ribeira de Pena, Associação Fernão Mendes Pinto, Grupo de Miro, Rede Social de Tomar, Verdes Verdades e Fórum Cidadania & Território) debateram, trocaram pontos de vista, deram a conhecer experiências e práticas, partilharam preocupações e esperanças.
Pelo meio ainda houve tempo para as actividades culturais – a Associação Recreativa e Cultural Santa Isabel deu-nos a conhecer danças de diversas partes da Europa e o Grupo de Mareantes do Rio Douro desfilou o seu grupo de bombos pela zona ribeirinha de Gaia. À noite podemos assistir a um excelente concerto de música popular portuguesa da região minhota, pelo Grupo de Cavaquinhos da AJD.
O dia iniciou-se com o debate Emprego, Empreendedorismo e Juventude.
Tiago Dias (CASES) considerou que, ao falar-se em empreendedorismo, ser necessário colocar a tónica na sua sustentabilidade, coisa pela qual a CAES se tem vindo a bater. Referindo a experiencia da entidade que representava, disse que uma das primeiras dificuldades com que ela se depara é a dos jovens terem medo de assumirem riscos. Por outro lado, têm vindo a constatar que os projectos de empreendedorismo colectivo são os mais resilientes e aqueles em que as pessoas se sentem mais seguras e apoiadas. Pelo que é necessário contrariar uma certa cultura instalada de empreendedorismo individualista, competitiva, self-made man, de influência norte-americana. E deu o exemplo do Geração Coop como uma resposta eficaz e demonstrativa das vantagens superiores do empreendedorismo colectivo face ao individual.
Célia Pereira (CRESAÇOR) falou-nos de um estudo realizado nos Açores, em 2013, na região de intervenção da sua associação, relativa ao recurso ao microcrédito, intitulado Empreendedorismo Inclusivo e Microcrédito.
O estudo resultou da necessidade de reflectirem sobre o trabalho que nesta área vinham desenvolvendo, nomeadamente as dificuldades e constrangimentos sentidos pelo beneficiários e destinatários do microcrédito, a eficácia do modelo de comparticipação (há altura o Governo assumia 25% do risco financeiro) e os resultados concretos na melhoria das condições de vida dos beneficiários.
Uma das primeiras conclusões foi que a intervenção estava a resultar, pelo que o Governo Regional passou a assumir 75% dos riscos, o que revela que se tinha conseguido estabelecer um clima de confiança entre as partes directamente envolvidas – beneficiários, banca e Governo Regional – e que o investimento público no sistema de microcrédito estava a gerar um retorno económico significativo.
Verificou-se que com a crise o microcrédito passou a ser mais procurado, crescendo o número de candidaturas, estando a ser actualmente apoiadas cerca de 100 pequenas empresas (em média com 5 trabalhadores). E que este recurso passou a ser procurado por outras classes sociais, que não as tradicionalmente mais pobres.
Uma das conclusões mais importante foi a de que a formação académica é determinante na escolha da ideia de negócio, e que o boca-a-boca é o melhor meio de difusão e propaganda do microcrédito.
Stephanie Phaniedermagne (Cooperativa Sol Maior) falou sobre os jovens desocupados que não trabalham nem estudam que, na facha etária dos 15 aos 24 anos, e socorrendo dos dados do INE, são mais de 17%.
Que fazer com estes jovens? Que problemas se colocam?, interrogou-se. Considerou existirem oportunidades de emprego, mas que o problema estava nas espectativas e nas fracas competências de muitos destes jovens. A escolaridade, por si só, não garante emprego; a condição de desempregado e a precariedade laboral condicionam a procura de emprego e geram a perda de autoestima. Referiu ainda que as dificuldades em conciliar a actividade profissional com a vida familiar é outro factor condicionante.
Quebrar este círculo vicioso é uma necessidade vital, que só se consegue com o trabalho em rede e com a cooperação, pois precisamos uns dos outros para mudar as coisas.
Fernando Gaspar (Gabinete para a Formação das Artes e Ofício do CEARTE) começou por referir a importância das actividades ligadas ao artesanato em termos de empreendedorismo e criação de emprego. O CEARTE faz há muito formação profissional nas áreas das artes e ofício artesanais, o que tem impedido não só que estas desapareçam como se tenham vindo a modernizar, criando um novo tipo de artesão, moderno e inovador. Com o seu labor conseguiu tornar as pequenas oficinas artesanais mais resilientes; ser reconhecido pelos governos e conseguido a aprovação legal e a regulação do estatuto do artesão.
Não há muito passou a gerir o sistema nacional de certificação das artes e ofício artesanais, cujo registo nacional contabiliza 180 actividades artesanais, divididas por 13 categorias. Lisboa, Norte e Centro concentram mais de metade das actividades artesanais, sendo os sectores da cerâmica (mais de 15%) e têxtil (27%) as categorias com mais artesãos.