Tendo em conta os recentes acontecimentos de violência na área da Grande Lisboa, a Rede DLBC Lisboa considera relevante recordar a importância do trabalho feito junto das populações dos bairros mais desfavorecidos e do desinvestimento a que temos vindo a assistir, nomeadamente, no que ao DLBC Urbano diz respeito.
A opção do Estado português de descontinuar o financiamento do instrumento DLBC urbano veio agravar ainda mais esta situação, impossibilitando a implementação de projetos de base local que respondam às necessidades e problemas dos residentes destes bairros, deixando as organizações reféns de financiamentos (na sua maioria, municipais, insuficientes e tardios), o que impede que as soluções tenham o alcance e impacto necessários para transformar efetivamente essas realidades.
As organizações de desenvolvimento local, como por exemplo, as associações de moradores, culturais e desportivas, têm um papel crucial ao proporcionar respostas aos moradores. É urgente repensar as cidades e o financiamento não precário de projetos de desenvolvimento local que contam com a participação ativa dos residentes como forma de colmatar as desigualdades.
Os tumultos originados pela morte de Odair Moniz expõem uma realidade com a qual convivemos diariamente: a falta de investimento no desenvolvimento urbano e os consequentes aumentos da pobreza e da exclusão social. A ausência de intervenção em áreas fundamentais como educação, saúde, transportes, habitação, juventude, cultura, segurança, serviços públicos e apoio aos mais velhos tem um impacto direto no crescente descontentamento social.
Na sua opinião só é possível quebrar o ciclo da pobreza e da exclusão social, quando todos os cidadãos tiverem as mesmas oportunidades e acesso à cidade e a serviços e bens de qualidade.
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