Na sessão de abertura, o Presidente do INATEL, José Manuel da Costa Soares, destacou que vivemos numa sociedade diferente daquela que éramos à 50 anos atrás, pautada por novos desafios que requerem a definição de políticas públicas diferentes, e nas quais não poderá faltar a dimensão da empregabilidade e da inclusão digital.

O mercado de trabalho não reflete os direitos conseguidos nos últimos 50 anos, pos ser por um lado houve progressos decorrentes da economia do conhecimento e da criatividade de novas gerações, sobretudo ao nível do conceito de trabalho e emprego, as novas formas de prestação e organização do trabalho, o idadismo que se vive em muitos setores de actividade mantém as pessoas mais jovens dos lugares de chefia, destacou o director do Público, David Pontes, nesta Conferência.

De acordo com os resultados do estudo Os Jovens e o Mundo do Trabalho, desenvolvido pela Universidade Católica Portuguesa, publicado nesta conferência, quando questionados sobre o que preocupa os jovens, independentes da sua condição perante o mercado de trabalho, vários grupos de diferentes faixas etárias referem o mesmo: trabalho, habitação e a possibilidade de terem de sair do país para garantir o próprio futuro.

As gerações mais novas querem progressão na carreira, a possibilidade de conciliar vida pessoal com profissional e um trabalho que lhes garanta bem-estar físico e mental — sendo estes os principais requisitos para um emprego, deixando para trás coisas como autonomia, segurança, possibilidade de desempenharem tarefas criativas e, se possível, teletrabalho. Isto é: são importantes, mas não o mais importante, pois o dinheiro continua a ser o que os faz emigrar.

Torna-se assim necessário que as novas políticas de educação, formação, emprego e juventude estejam em consonância, pois é necessária uma requalificação face aos novos mercados emergentes e estas mudanças têm também impacto da produtividade numa sociedade que está a encolher. “As pessoas hoje não procuram um salário, mas sim um equilíbrio – flexibilidade e conciliação” frisou Pedro Mota Soares, advogado e antigo ministro da solidariedade, segurança social e emprego.

No âmbito dos dois painéis desta tarde, foi destacada a importância do ensino, na vertente profissional, para aumentar a escolaridade e reduzir o abandono escolar de algumas faixas etárias. No entanto, há uma elevada taxa de frustração porque hoje em dia ter um curso já não significa que irá ter um salário bom, pois existem muitos jovens a ganhar o salário mínimo nacional, pois em muitas ofertas, para o mesmo nível de qualificação exigido, as empresas privilegiam a contratação da pessoa que tem mais qualificações.

Precisamos assim, de uma política industrial para apostar em sectores estratégicos e regressar ao modelo de políticas salariais, nas quais há uma relação entre produtividade e níveis salariais, o que requer naturalmente a vigência de modelos de contratação colectiva, defendeu Paulo Pedroso.

Para as novas gerações o que importa é a conexão e o feedback – ligação humana e não hierárquica e funcional, em detrimento do controlo e da presença física.

Relevo também para o teletrabalho ou modelos de trabalho híbridos, que permitem ser possível trabalhar a partir de qualquer parte do mundo desde que se respeitem valores e políticas da empresa, mas tudo depende das áreas e da função, pelo que há um destaque para o potencial das áreas tecnológicas. A inteligência artificial é um tema do presente, mas não é de agora, isto implica a  requalificação profissional e desenvolvimento de novas competências, tal como tem vindo a acontecer nos últimos 10-20 anos, sendo que há funções que vão deixar de existir pela volatilidade e mudança do mercado de trabalho.

As empresas estão a confrontar-se com a necessidade de ter atractivos para conseguir atrair capital humano, e algumas delas estão a voltar a repescar valores e políticas anteriores, como o sistema de previdência, por exemplo.

“Temos uma legislação laboral, que, em grande medida, ainda é ancorada no modelo de trabalho presencial e clássico” com “horários muito estritos” e “regulares”, afirmou a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, sendo que “a maioria das empresas” segue um modelo de trabalho “tradicional” com pouca flexibilidade, o que não se adapta às exigências atuais dos jovens para quem “o trabalho é muito importante, mas não é tudo na vida” e que valorizam a flexibilidade.

Pode assistir à conferência AQUI

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