A Animar, enquanto entidade animadora de uma Rede Nacional de Organizações que promovem o Desenvolvimento Local, associa-se ao Dia Internacional da Mulher, dando destaque ao compromisso institucional que quer manter com o direito das mulheres. Esta é, sem dúvida, cada vez mais uma causa dos territórios e das pessoas e, por isso, do Desenvolvimento Local.

Os três estudos realizados pelo IGOT/CEG, e enquadrados na coletânea Impactos da Pandemia na Organização do Trabalho e na Igualdade entre Mulheres e Homens: uma abordagem à REDE ANIMAR, permitiram-nos chegar a algumas conclusões de caracterização da REDE ANIMAR, ainda que por amostragem, em dimensões como a Laboral: Teletrabalho e reajustamentos em modos de gestão e de funcionamento, a Igualdade: Conciliação Trabalho Família e as Respostas de Intervenção realizadas nos territórios. Foram 35 as organizações respondentes ao inquérito institucional, tendo-se encontrado um equilíbrio entre o interesse na participação, a localização geográfica e tipologia jurídica das respondentes, por forma a diversificar o mais possível a amostra, envolvendo um total de 138 trabalhadores e trabalhadoras. Salientamos abaixo algumas das conclusões.

A grande maioria das pessoas que participaram no estudo é do sexo feminino (87%), expressando o predomínio de trabalhadoras nestas organizações da economia social. A maioria das pessoas tem uma idade compreendida entre os 35 e os 49 anos e, mais de metade, é casada ou vive em união de facto. O nível de instrução das pessoas inquiridas é muito elevado (90% tem ensino superior).

Como em muitas organizações e empresas portuguesas, a cultura de trabalho dominante privilegia a presença de trabalhadores/as nas organizações (76%), embora 19% já identificavam a adoção de um modelo misto, combinando trabalho presencial e trabalho flexível fora das instalações da organização. Em conformidade, ¾ das pessoas não tinha qualquer experiência de teletrabalho antes da Covid-19, o que representou um grande desafio quando o confinamento obrigou à adoção deste modelo, só possível de ultrapassar devido à experiência generalizada de utilização de novas tecnologias de informação pelos/as trabalhadores/as antes da pandemia. A adoção de uma forma de teletrabalho, em exclusivo ou combinada com trabalho presencial, abrangeu 87% das pessoas, um número muito elevado e que reflete bem a mudança no trabalho decorrente da Covid-19. Com a adoção do teletrabalho, a poupança média de tempo diário em deslocações é de 57 minutos, sendo esta uma das grandes vantagens desta modalidade de trabalho, a par da sua flexibilidade ao longo da jornada de trabalho.

À semelhança de outros setores da economia, as organizações da economia social tiveram de se adaptar para continuar a responder às necessidades das comunidades, recorrendo generalizadamente ao teletrabalho (86%), o que confirma a elevada progressão desta modalidade de trabalho entre estas entidades. Esta mudança de regime de trabalho não abrangeu o pessoal ao serviço da mesma forma, verificando-se que o teletrabalho é ligeiramente mais frequente, em termos relativos, entre o pessoal do sexo masculino, mas a possibilidade da sua execução depende em concreto do conteúdo funcional da profissão ou da natureza da atividade da organização.

Todavia, a conciliação entre trabalho e família tornou-se mais difícil para um número elevado de pessoas (43%), sendo que apenas 11% declara que há uma melhoria. A dificuldade de ajustamento é claramente maior entre as pessoas que têm dependentes menores de 12 anos a seu cuidado e, entre estas, em particular as que são divorciadas, separadas ou solteiras. Não se verifica um forte entusiasmo entre colaboradores/as na realização de teletrabalho (média 3,1, sendo 5 o máximo possível), embora não considerem, em termos gerais, que este tenha conduzido a um aumento de conflitualidade com a família (média igual a 2,0), à exceção de famílias com filhos menores de 12 anos.

Aproximadamente 46% do total das pessoas tem filhos/as com menos de 12 anos, aspeto muito relevante para questões da conciliação da família e do trabalho devido à necessidade de maior atenção e apoio nas tarefas de educação, alimentação, higiene e atividades lúdicas.

É assim incontornável que o regime laboral de teletrabalho coloca desafios de partilha do espaço doméstico e pessoal com o do trabalho pago, e reproduz e agrava as assimetrias de género na conciliação da vida pessoal com o trabalho.

É muito evidente a dificuldade em controlar o tempo de trabalho quando realizado a partir do domicílio, especialmente devido à incapacidade em definir o tempo de trabalho, o que certamente é relevante para um bom equilíbrio entre tempo de trabalho e tempo para atividades em família. Este é, claramente, um dos principais problemas do teletrabalho e que requer uma particular atenção por parte das organizações. De qualquer forma, este problema não parece ser suficiente para desencorajar esta modalidade de trabalho no futuro, como atesta a pontuação de 3,5 (sendo 5 o máximo possível) nas perspetivas em relação ao teletrabalho. As organizações estão conscientes deste problema e algumas, 41%, implementaram ações mitigadoras tendentes a preservar a vida familiar e pessoal, que incluíram a flexibilidade de horário de trabalho (especialmente para famílias com filhos/as menores de 12 anos), o teletrabalho ou a combinação do trabalho presencial e do teletrabalho, a suspensão da obrigatoriedade de plataformas fixas (períodos do dia em que todas as pessoas devem estar a trabalhar), tornando o trabalho flexível auto-organizado e organizado por equipas de trabalho. É necessário apoiar as organizações na formação de colaboradores/as em ferramentas digitais de comunicação e organização do trabalho, apoiando quem tem mais dificuldade na separação do trabalho das atividades em família. Para tal, importa avaliar o impacto dos novos modelos de trabalho na conciliação entre trabalho e família, bem como partilhar informação e melhores práticas de conciliação.

A partir dos estudos realizados, a ANIMAR pretende continuar a traçar um caminho com a sua REDE, no sentido de melhorar as suas competências na implementação da Igualdade substantiva dentro das organizações, nomeadamente refletindo políticas internas e atos de gestão que permitam acelerar a mudança #A Caminho da Igualdade#

Direção da Animar

 

Recursos disponíveis que poderá recorrer para dinamização do Dia Internacional da Mulher:
Lista de Músicas
Lista de Filmes
Lista de Documentários
Lista de Livros

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