Congratulando-se por esta realização neste local, o Presidente do Conselho Diretivo do INE, Francisco Lima, destacou algumas particularidades da Conta Satélite de Economia Social em Portugal, tendo destacado que o setor demonstrou maior dinamismo nos anos de pandemia, a Conta Satélite de Economia Social cobre a totalidade do setor e das entidades que o integram sendo inclusivamente um caso estudo em termos internacionais. Para além dos dados dos questionários para recolha de informação para a estatística, foi também realizado um inquérito ao trabalho voluntário e um inquérito ao setor de economia social 2018, que veio demonstrar a forma como as organizações de relacionam e caracterizam, sendo que cada edição da Conta Satélite contém novas realidades. Por fim, o Presidente do Conselho Diretivo do INE reforçou a importância da colaboração de todos na realização destes estudos estatísticos, sendo crucial a resposta das entidades sempre que contactadas pelo INE.
Eduardo Graça, Presidente da Direção da CASES, destacou a importância da existência de dados que permitam avaliar o setor, contribuir para a definição de políticas e apoio ao setor. O Presidente da Direção da CASES reforçou ainda que a informação estatística é cada vez mais relevante, possibilitando assim a análise sobre o crescimento do setor e o aprofundamento do conhecimento que temos sobre este, a Conta Satélite permite observar como as atividades na área da saúde ganharam maior expressão na economia social, e sobretudo, mais uma vez ficou confirmado que este setor funciona em contra ciclo, o que possibilitou o equilíbrio do VAB para 3,2%.
O Presidente da CASES referiu a importância da existência da estatística para o reconhecimento do setor, que permite ao governo dispor de informação certificada para a formulação de políticas publicas no setor da inovação social. O setor está organizado em torno de interesses comuns, sendo as associações uma realidade que transcende os governos, os grupos políticos, este é um setor que deriva da força da organização dos cidadãos e cidadãs. Reforçando a importância da cooperação entre as várias entidades para a existência de dados, Eduardo Graça referiu que brevemente será celebrado um novo protocolo que permitirá começar a trabalhar sobre uma quinta edição da Conta Satélite da Economia Social em Portugal, tendo sido também indicado que a CASES vai desenvolver, a partir do final deste ano, um debate sobre o futuro da Conta Satélite, de forma participada pelas entidades representativas, tendo em vista a recolha de mais informações, escolha de indicadores e recolher informação das organizações para encontrar novos caminhos para futuras Contas Satélites. Para além disso, serão ainda realizados eventos de aprendizagem entre pares para trocar informação no setor da economia social e o Pilar dos Direitos Sociais, que contará com o apoio de entidades europeias, sendo assim necessário preparar contributos para este efeito.
Carina Rodrigues, técnica Responsável pela CSES do INE, fez uma apresentação mais detalhada sobre os dados da Conta Satélite de Economia Social e apresentou alguns dados comparativos entre 2019 e 2020, cujos gráficos estão disponíveis na publicação.
Eduardo Pedroso, técnico Responsável pela CSES da CASES, destacou alguns dados mais específicos sobre a participação de entidades de economia social em sociedades comerciais, os benefícios fiscais, destacou que esta edição conta com uma caracterização sobre o trabalho comunitário na economia social, na qual está evidenciado o acolhimento de trabalho comunitário por associações. Por fim, foi também apresentado o contributo da economia social para os ODS.
Na sessão de encerramento, a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, salientou a resiliência da economia social, que em períodos críticos, consegue ter comportamentos completamente diferentes da economia global, como na pandemia foi capaz de manter e até criar emprego, num contexto em que estava a diminuir.
Além da resiliência e da capacidade para se ajustar às necessidades da sociedade, a economia social contribui para a fixação de pessoas, o desenvolvimento de novas respostas e serviços, quer ao nível social, da educação ou saúde, o que também denota a sua capacidade de reinvenção e o seu potencial contributo para a dinamização dos territórios.
Destacando o setor como modelo de construção coletiva, a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social apontou para as mudanças “nos desafios, nas exigências e nas responsabilidades” da economia social na construção de um “novo estado social, mais abrangente no seu investimento e na sua forma de intervenção”, chamou à atenção para o poder de inclusão de pessoas com alguma incapacidade para o trabalho e de promoção da igualdade de género, enquanto “exemplo de integração e participação ativa das mulheres no mercado de trabalho” em Portugal, para a necessidade de dar o salto do ponto de vista da igualdade salarial e de participação das mulheres nos lugares de topo, porque também é isso que faz a diferença. “Não só em número, mas também em termos de gap salarial e de presença nos lugares de direção de topo, mas também para conseguir que os salários na economia social tenham uma aproximação à média da economia nacional. Esse é um dos grandes desafios que temos“ referiu Ana Mendes Godinho.
Para encerrar a sua intervenção, a Ministra citou o Professor Álvaro Garrido, que refere que a “economia social é uma ideia virtuosa e militante, que não é uma utopia”, pois a economia social tem uma “importância acrescida” pela disponibilização de respostas em territórios com menos população ou atividade económica.
Se pretender, pode assistir à gravação da sessão disponibilizada aqui: https://youtu.be/ZFHyvdgwhSA?si=F_P13HZJ7-os4xOE
Conheça o resumo dos resultados aqui: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=620418151&DESTAQUESmodo=2