Decorreram, nos dias 26 e 27 de setembro, as primeiras visitas no âmbito do Roteiro de Turismo de Base Local.
No âmbito deste Roteiro, desenvolvido em parceria com as associadas da Rede Animar que, direta ou indiretamente, trabalham no setor turístico, tem como propósito dar a conhecer o trabalho que as entidades suas associadas desenvolvem nos seus territórios neste domínio tendo em vista a promoção do território, dos seus produtos e serviços. Esta modalidade difere do turismo de massas, sendo desenvolvido com respeito pelos recursos locais e numa escala limitada, o Turismo de Base Local preconiza o envolvimento da população local.
No dia 26 de setembro, começámos por conhecer o percurso da Cooperativa Terra Chã, os seus serviços e produtos turísticos, que incidem sobretudo na valorização do património e dos recursos locais.
Situada na Serra D’Aire e Candeeiros, a Cooperativa Terra Chã desenvolve um trabalho de desenvolvimento local e de salvaguarda do património local que acolhe a oficina de tecelagem e outros projetos comunitários, nomeadamente o Centro Cultural de Chãos, que oferece serviços de restauração e alojamento, espaços de exposição, a melaria comunitária e o rebanho comunitário.
António Frazão, responsável pela cooperativa, refere que estas valências foram sendo criadas de acordo com as necessidades sentidas pela população local. A oficina de tecelagem surgiu na sequência da necessidade do Rancho Folclórico de Chãos de renovar o seu vestuário, tendo sido inclusive atividade do Rancho Folclórico que levou à criação de estruturas de apoio – alojamento e restaurante local. A cooperativa organiza várias atividades de animação turística, como caminhadas pela serra ou visitas guiadas a alguns pontos de interesse da região, como a gruta das Alcobertas, ou acompanhamento do pastor por uma manhã ou um dia. O objetivo destas atividades é a partilha dos saberes locais, dos recursos endógenos, e daquilo que a natureza oferece na região.
Ao longo desta manhã, realizámos uma visita ao estábulo do rebanho comunitário e uma caminhada pela serra, onde observámos várias espécies de orquídeas selvagens e fizemos um piquenique com o pastor e o rebanho de cabras sapadoras, partindo de seguida para a visita à gruta de Alcobertas.
Depois do almoço no restaurante da Cooperativa Terra Chã, rumamos a Brotas, uma aldeia do Concelho de Mora, onde fomos conhecer o trabalho realizado pela Abrottea, Associação Dinamizadora Cultural Histórica e Ambiental de Brotas, cujo seu trabalho tem como fim promover a valorização do património histórico, cultual e ambiental deste território.
Pedro Mendonça, responsável pela Abrottea, fez uma breve apresentação da história do local e apresentou o trabalho da Abrottea, que entre outras atividades, dispõe de um serviço de serviço de alojamento nas Casas de Romaria associado a um conjunto de parcerias locais, a partir das quais é possível escolher atividades ligadas à gastronomia e ao artesanato, nomeadamente a moldagem e pintura de barro em olaria tradicional ou a confeção de pintura em azulejo em ateliê – Rota do Oleiro.
Neste quadro, foram realizadas visitas ao atelier de cerâmica e barrística, sediado na Casa dos Mordomos, onde é possível realizar workshops de pintura de azulejo, à Olaria de Brotas onde podemos conhecer todo o processo, deste a recolha e tratamento do barro, à moldagem e pintura de peças em barro tradicional. Após o jantar no restaurante “O Poço”, um parceiro local da Abrottea, onde se pode degustar comida regional, voltámos para as Casas de Romaria onde ficámos alojados e conhecemos o produtor de vinho em talha, tendo sido realizada uma degustação do vinho Cananó.
No dia 27 de manhã, dirigimo-nos para o Parque Biológico da Cabeça Gorda, um dos espaços do projeto-piloto do projeto LIFE Desert-Adapt implementado pela ADPM – Associação de Defesa do Património de Mértola, destinado à conservação e utilização sustentável do habitat florestal, dominado pelo sobreiro e pelo eucalipto.
Filipe Silva, técnico da ADPM, apresentou o trabalho levado a cabo por esta entidade neste local, que tem como objetivo atenuar as consequências das alterações climáticas, melhorando a sua sustentabilidade do ponto de vista económico, social e ambiental, tendo em vista o restauro ecológico e a promoção da visitação deste espaço. Destacam-se as intervenções realizadas em termos ecológicos, recomendações do uso do solo e métodos de restauro da paisagem, nomeadamente através do ensaio de auxilio à plantação.
De seguida, fomos até São João dos Caldeireiros, onde visitámos o Centro de Interpretação e Observação do Lince-ibérico, no qual a ADPM teve um papel relevante na criação de serviços complementares ao turismo local, associado à Rede de Recursos e Ciclos Pedestres.
Deste local é possível observar o cercado onde, em 2014 no vale do Guadiana, foi libertado o 1º casal de linces-ibéricos no âmbito do Programa de Conservação Ibérico, perspetivando-se que existam agora cerca de 200 linces.
As próximas visitas permitirão conhecer melhor o trabalho desenvolvido neste domínio pela Activar Lousã (31/10) e pela Vicentina (28/11).
A participação é gratuita, mas requer inscrição.
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